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' I feel

Eu sinto a noite começando, separando-me da vida , ela me entende depois de tudo que tenho passado, encontrando meus pensamentos juntos, encontrando as palavras que me deixam melhor, pois não consigo me deixar de fora de tudo isto. Tem coisas que não posso ignorar sozinha no escuro, embora eu quisesse. Eu tenho que trancar todas as portas, pois os meus fantasmas estão lucrando comigo. Acredito que os sonhos tem uma ligação . Ainda espero que alguém pegue meus medos e brinque com eles , cante-os como uma canção de ninar, como uma razão, como um jogo das minhas obsessões e leve-os embora. Preciso entender a lição, para me encontrar e para eu não estar perdida outra vez. Já pensei que talvez eu teria que mudar o mundo, para ser melhor, para ser a única. Eu poderia ter fugido, mas quão longe eu teria chegado, estando de luto por tudo que tenho perdido ?



Eu tenho segurado a minha respiração quando essa vida começou a me cobrar, me escondi atrás de um sorriso , mas eu sinto como se eu não tivesse fé nas coisas que eu tenho conquistado. As vezes desejo estar perdida, longe do lugar que criei pra mim. Eu tento olhar para eu mesma, mas meu próprio coração não é mais o mesmo. E por mais que eu tente achar algo mais, cresci cansada dessa mentira que eu vivo.


Eu posso ter me congelado por dentro, tenho olhado no espelho a tanto tempo que cheguei a acreditar que minha alma está do outro lado. Sinto-o despedaçado, todos os pequenos pedaços caindo e quebrando, cacos de mim afiados demais para serem colocados no lugar , pequenos demais para terem importância, grande o suficiente para me cortarem se eu tentar tocá-los. Tomo fôlego, precisarei de alguém para me convencer de que sempre estive doente , e que tudo fará sentido depois que eu melhorar , mais o que vai adiantar ? Eu sei a diferença entre eu e o meu reflexo. Preciso mudar os meus caminhos, porque sinto que não sou forte o suficiente.

- Metamorphoses

Gosto desse pedaço da obra, do poeta ' latino Ovídio ' - Metamorfoses .



Não há coisa alguma que persista em todo o Universo. Tudo flui, e tudo só apresenta uma imagem passageira. O próprio tempo passa com um movimento contínuo, como um rio... O que foi antes já não é, o que não tinha sido é, e todo instante é uma coisa nova. Vês a noite, proxima do fim, caminhar para o dia, e á claridade do dia suceder a escuridão da noite... Não vês as estações do ano se sucederem, imitando as idades de nossa vida ? Com efeito, a primavera, quando surge, é semelhante a criança nova... a planta nova, pouco vigorosa, rebenta em brotos e enche de esperança o agricultor. Tudo floresce. O fértil campo resplandece com o colorido das flores, mas ainda falta vigor as folhas. Entra então a quadra mais forte e vigorosa, o verão: é a robusta mocidade , fecunda e ardente. Chega por sua vez, o outono: passou o fervor da mocidade , é a quadra da maturidade, o meio termo entre o jovem e o velho; as têmporas embraquecem. Vem, depois, o tristonho inverno: é o velho trôpego, cujos cabelos ou caíram como as folhas das árvores, ou, os que restaram, estão brancos como a neve dos caminhos. Também nossos corpos mudam sempre e sem descanso ... E tambem a natureza não descansa e renovadora, encontra outras formas das coisas. Nada morre no vasto mundo, mas tudo assume aspectos novos e variados... todos os seres tem a sua origem noutros seres. Existe uma ave a que os fenicios dão o nome de fênix. Não se alimenta de grãos ou ervas, mas das lágrimas do incenso e do suco de amônia. Quando completa cinco séculos de vida, constrói um ninho no alto de uma grande palmeira, feito de folhas de canela, do aromático nardo e da mirra avermelhada. Ali se acomada e termina a vida entre perfumes. De suas cinzas, renasce uma pequena fênix, que viverá outros cinco séculos... Assim tambem é a natureza e tudo o que nela existe e persiste.

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